Livros de C S Lewis que foram importantes em minha vida…

Dias atrás, em 16.6.2020, meu jovem amigo Carlos Eduardo Martins, seminarista em final de curso no Seminário Presbiteriano de Campinas, que eu também frequentei, e que tem em C S Lewis seu escritor favorito (para mim ele é um dos favoritos), fez o seguinte desafio em sua linha do tempo (às vezes chamada de perfil) no Facebook:

“Aproveitando que recentemente conversei um pouco sobre C S Lewis, vai mais um desafio. E agora é sobre o próprio C S Lewis. Aos amantes de Lewis, quais são os três livros dele que vocês mais gostam?

Eis o meu “pódio”:

3º) O Grande Abismo [The Great Divorce, em Inglês] – Para mim, é um dos livros mais geniais que já li. A forma como Lewis desenha diante de nossos olhos a condição dos preteridos é incrível. Foi o livro (não bíblico) que mais citei nos sermões que preguei até hoje.

2º) “As Crônicas de Nárnia: O Cavalo e Seu Menino” – A meu ver, é de longe a melhor das crônicas. O ponto alto do livro é quando Shasta e Aslam se encontram. Chorei rios quando li.

1º) “Até Que Tenhamos Rostos” – Jamais li qualquer coisa parecida. A releitura que Lewis fez da lenda de Cupido e Psiquê resultou numa obra que concentra, a meu ver, toda a genialidade de C S Lewis. É um livro que fiz questão de ler para a minha namorada, Iehonalla.

Se eu tivesse lido apenas um dos livros acima, eu já teria lido o suficiente para ser apaixonado por C S Lewis. São incríveis.

Mas e aí, quais são os seus preferidos?”

Entre os convocados a se manifestar, estava eu, e me manifestei neste sentido, no mesmo dia, com direito a pequenas revisões nos dias seguintes:

“Gosto basicamente de todos os livros dele, até mesmo (ou especialmente) das cartas… Reduzir a preferência a três é difícil… Assim, resolvi ‘dobrar a meta’ e expandir minha lista para seis livros… (com a devida vênia do Carlos Eduardo e da Dilma Rousseff, criadora da expressão ‘quando a gente alcança a meta, a gente dobra a meta’).

1) The Abolition of Man, porque trata da educação no contexto da modernidade, e trata a educação de uma forma que considero basicamente correta, como uma luta da racionalidade, na busca da verdade, do bem e da beleza, contra o ceticismo e o relativismo, em suas versões radicais.

2) Mere Christianity, porque foi o primeiro livro dele que eu li, quando o título em Português ainda era A Razão do Cristianismo, em vez de Cristianismo Puro e Simples, e porque é uma apresentação simples e inteligível de questões importantes da teologia cristã, para que o cristão entenda melhor a sua fé e o não cristão, na maior das vezes ex cristão, possa se sentir movido a adotá-la, ou a readotá-la.

3) Till we Have Faces, porque é uma excelente obra de ficção para adultos — concordo plenamente com a avaliação do Carlos Eduardo aqui, que os casais deveriam ler esse livro juntos.

4) Miracles, porque talvez seja o melhor tratamento, basicamente filosófico, de uma questão teológica importante, escrito por ele, questão essa sobre a qual escrevi um longo artigo, quando ainda estudante, e que se tornou um dos meus primeiros artigos publicados, depois de eu vir para a UNICAMP em 1974.

5) An Experiment in Criticism, porque é um excelente ensaio sobre o tema do qual ele era especialista, a saber, literatura: um livrinho fino que trata de questões importantes, especialmente para quem passa a vida em meio a livros, lendo-os e escrevendo-os.

6) Surprised by Joy, porque é uma autobiografia da primeira parte da vida dele e eu gosto muito de biografias, em geral, e de autobiografias, em particular, e ele trate de sua perda de fé e de sua recuperação da fé, em novos termos.”

Carlos Eduardo generosamente comentou:

“Os limites sempre são pequenos demais para o senhor. Para o senhor, somente o céu é o limite. Só o céu para que o senhor não pense em dobrá-lo.

Gostei demais da lista, Mestre. Sempre me perguntei que avaliação o senhor daria ao ‘A Abolição do Homem’. Agora, finalmente, tive a resposta.”

A esse comentário eu respondi assim:

“Carlos Eduardo:

Eu me entusiasmo…

Os dois primeiros livros de C S Lewis que eu comprei foram:

* Razão do Cristianismo (Mere Christianity], em 18.8.64

* Cartas do Inferno (Screwtape Letters), em 13.10.1964

Preste atenção às datas… Comprei-os na Biblioteca do Seminário de Campinas, que tinha uma pequena Livraria. O Diretor da Biblioteca e Bibliotecário, bem como Gerente da Livraria, era o Prof. Dr. Rev. Waldyr Carvalho Luz.

O terceiro livro dele que eu obtive (como um presente de Natal) foi:

* A Grief Observed

Ganhei o livro de presente de Natal de Susan Brownlee em 25.12.1968, meu segundo ano nos Estados Unidos. Eu era ‘Student Pastor‘ (algo parecido ao que o Carlos Eduardo Martins é na Igreja Presbiteriana de Salto) na (então assim chamada) United Presbyterian Church of the USA na cidade de Evans City, PA. Susan era filha do Rev. John T. Brownlee, do qual eu fui assistente durante o ano de 1968. Passei o Natal na casa deles e ganhei esse livro de presente.

Capas de livros de C S Lewis

Só muitos anos depois vim a ver o filme Shadowlands e resolvi investir na leitura dos demais livros de Lewis (e os de Joy Davidman, depois Joy Davidman Gresham, e depois ainda Joy Davidman Lewis). [Vide: https://www.imdb.com/title/tt0108101/%5D.

Hoje tenho 90 livros (incluindo na conta as duplicatas e triplicatas, bem como as traduções para o Português e os e-books) DE ou SOBRE Lewis (e mais vários PDFs e inúmeros PodCasts). Lewis é um dos autores com os quais ganho mais tempo (ganho, porque o tempo que se gasta lendo Lewis nunca é perdido: é sempre ganho — investimento puro, pessoal e profissional).”

É isso. Como não raro faço, achei conveniente transformar a troca no Facebook em um artigo de blog para me proteger das loucuras de Mark Zuckerberg, que, nos últimos tempos, tem fechado contas à torto e à direito, sem a menor justificativa e sem dar aos prejudicados o direito sequer de se se defender, contra-argumentando.

Em Salto, 19 de Junho de 2020.

Leave a comment