Quem, como eu, está interessado em C S Lewis, que passou cerca de trinta e cinco anos na Universidade de Oxford (1919-1954), cerca de quatro como aluno, um como professor substituto, e trinta como professor (lá chamado de “don“), encontra, com frequência, referência aos períodos letivos (“terms“) da Universidade através de seus “apelidos”… Então resolvi escrever este breve artigo para esclarecer essa questão para o leitor brasileiro.
Oxford opera com três períodos letivos no ano, cada um de oito semanas. Isso quer dizer que a universidade, do ponto de vista de suas atividades acadêmicas, funciona apenas 24 semanas durante o ano. Como o ano tem 52 semanas, a universidade está “em recesso” durante 28 semanas. Fica mais em recesso do que em atividade.
Estando no Hemisfério Norte, o período letivo começa no Outono de lá, isto é, no finzinho de Setembro.
Os períodos letivos têm “apelidos”:
- O primeiro período letivo é chamado de “Michaelmas“, que é uma festa do Calendário Litúrgico dedicada ao Arcanjo Miguel (Michael), que é no dia 29 de Setembro.
- O segundo período letivo é chamado de “Hilary“, em referência ao dia de Santo Hilário de Poitiers, que é no dia 14 de Janeiro.
- O terceiro período letivo é chamado de “Trinity“, assim chamado por causa do “Domingo da Trindade”, que, no Calendário Litúrgico, cai na oitava semana depois da Páscoa, uma data móvel, em geral em Abril ou Maio.
Todo ano a Universidade determina o dia exato em que cada período letivo começa e termina. Os períodos letivos sempre começam em um Domingo e terminam em um Sábado.
Para o ano letivo 2020-2021 o calendário está fixado, mas ainda provisoriamente, por causa da Pandemia. É o seguinte:
2020 – 2021 (provisório)
MICHAELMAS: De Domingo 11 Outubro 2020 a Sábado 5 Dezembro 2020
HILARY: De Domingo 17 Janeiro 2021 a Sábado 13 Março 2021
TRINITY: De Domingo 25 April 2021 a Sábado 19 Junho 2021
Os períodos letivos são períodos em que professores (tutores, preletores) e alunos devem estar no campus. É quando acontecem os “tutoriais” e as “preleções”. Isso não quer dizer que, no recesso, isto é, nos períodos que ficam entre os períodos letivos, professores e alunos não devam trabalhar (estudar e escrever).
A página “List of Nobel laureates by university affiliation” da Wikipedia indica que 72 pessoas ligadas à Universidade de Oxford como professores ou ex-alunos já receberam um Prêmio Nobel — operando a Universidade, do ponto de vista acadêmico, apenas 24 semanas por ano. No Brasil, em que as universidades funcionam 40 semanas por ano, ninguém nunca ganhou um Prêmio Nobel. É verdade que a Universidade de Oxford existe desde o século 12. Mas o Prêmio Nobel existe apenas desde 1895. Mesmo assim, Oxford leva certa vantagem temporal sobre as universidades brasileiras: a primeira real universidade brasileira, a Universidade de São Paulo, foi criada apenas em 1934. Mas hoje Oxford é ainda apenas uma universidade e o Brasil tem… perto de 200… (parece que 195). [Se fosse na época do Lula, o número já teria mudado enquanto eu escrevo.]
É isso.
Em São Paulo, 11 de Julho de 2020